Transmedia storytelling

Alardeada como a grande novidade do momento, a “narrativa transmídia” (como é traduzida por aqui) é algo que existe há muito tempo. Sou o filho mais novo de uma família de três irmãos. Caçula e temporão. Quando comecei a entender o mundo a minha volta já via os mais velhos brincando, lendo revistinhas e vendo TV. O meu irmão – nove anos mais que eu – adorava um filme em particular. Na verdade era uma série. Mas existiam quadrinhos também. E bonecos. Estou falando de “O Planeta dos Macacos”. O original, de 1968.

Lembro de ser alfabetizado ouvindo frases sem nexo algum como: “…os astronautas vão para o futuro e mandam uma nave para o passado” ou “Os macacos dominaram a Terra, graças a um líder-macaco que veio do futuro, onde os macacos já dominavam o planeta!”. Nem tente entender. Eu não entendia. Mas, fica a dica: os filmes são ótimos.

Em busca de entender “O Planeta dos Macacos”, meu irmão devorava revistas em quadrinhos, outras especializadas em cinema, revia os filmes sempre que eram reprisados na TV e, na falta de novas informações, criava suas próprias histórias paralelas com os bonecos. Narrativa transmídia. Investigação pelo que interessa, não importa onde. Pistas espalhadas em diferentes suportes.

Hoje, as mídias permitem um universo maior de “esconderijos” para essas pistas. E o retorno imediato dos “investigadores”, no caso das digitais. Sabendo aproveitar a vocação de cada mídia, o ofício de criar histórias fica, a cada dia, mais fascinante. Vamos a elas?

Marcio Vianna

PS: O Word não aceita a palavra “transmídia”. Acha que não existe. Não deve conhecer “O Planeta dos macacos”.

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